Quem nunca praticou exercícios físicos ou está parado há tempos pode buscar ideias no rico cardápio esportivo que ocorre em Londres e deixar de vez o sedentarismo de lado.
Para o cardiologista Marconi Gomes da Silva, diretor científico da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte (SMEXE), o aumento na renda, a industrialização e globalização têm ocasionado mudanças econômicas e sociais favoráveis no Brasil. “Entretanto, observa-se também um aumento no consumo de alimentos não saudáveis e da inatividade física. A prevalência de homens com sobrepeso no Brasil aumentou de 18,6% em 1974 para 50,1% em 2008 e, de uma forma geral, em todo o mundo, o sedentarismo está presente em mais de 30% da população, atingindo valores superiores a 50% em determinados países. A inatividade física aumenta com a idade e é mais frequente em mulheres do que nos homens”, alerta.
O especialista adverte que, embora estejamos vivendo as emoções dos Jogos Olímpicos de Londres e na expectativa em sediar a próxima Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016, o esporte competitivo deve servir de incentivo para o brasileiro abandonar o sedentarismo e dar início a uma atividade física programada. “Isso não quer dizer que a mesma prática deva ser seguida por todas as pessoas. Esportes realizados nesse nível de competição (dos Jogos) demandam uma equipe multiprofissional, muito tempo de treino e de recuperação, alimentação orientada por nutricionistas especializados e não devem ser estendidos para a população de uma forma geral”, observa.
Quem nunca fez atividade física ou mesmo as pessoas que estão paradas há mais de dois anos e querem praticar exercícios, o médico alerta: “Quem está muito inativo, sedentário, deve iniciar os treinamentos depois de uma avaliação médica, feita por profissional com experiência na área da medicina do exercício e do esporte. Hoje, sabemos que o exercício físico mal orientado pode comprometer a sua manutenção, levando a lesões osteomusculares precoces e a um maior risco de eventos cardiovasculares. Sendo assim, todo recomeço, depois de um longo período de inatividade, deve ser feito de maneira gradativa, sempre respeitando os limites do corpo”, ensina.
Marconi salienta que homens e mulheres de todas as idades, de qualquer grupo socioeconômico ou étnico, devem se exercitar pelo menos 150 minutos por semana, com uma atividade aeróbica de intensidade moderada, como uma caminhada rápida, por exemplo. Além disso, exercícios de fortalecimento muscular, assim como aqueles que melhorem a flexibilidade, também são recomendados. “Perfazendo esses 150 minutos, recomendam-se 30 minutos de exercícios, cinco dias por semana, com intensidade moderada, combinados com exercícios de musculação e flexibilidade. Outra opção envolve a recomendação de exercícios de maior intensidade (vigorosos), três dias por semana, combinados com exercícios de musculação e flexibilidade.”
Ele acrescenta que o cardiologista é o profissional médico mais procurado pelas pessoas que pretendem iniciar exercícios físicos de forma regular e orientada. “É importante que ele tenha experiência na área da medicina do exercício e do esporte, já que, atualmente, muitas pessoas buscam práticas esportivas das mais variadas modalidades e desejam se exercitar em níveis quase tão intensos como aqueles praticados por atletas profissionais”, pontua.
BENEFÍCIOS PARA TODO O ORGANISMO
Para o personal trainner e especialista em corrida Carlos Eduardo David, educador físico pela Universidade Universo de Belo Horizonte, existem inúmeros benefícios associados à prática de atividades físicas. “Entre eles podemos citar a prevenção e o controle da hipertensão, aumento da força muscular, melhora do nível de colesterol total, prevenção da perda óssea, melhora da disposição e do padrão do sono, alívio de tensões e ajuda no controle do estresse, além de diminuir a ansiedade e a depressão.”
Carlos Eduardo explica que há diversos tipos de exercícios, mas ressalta que as diferenças fisiológicas entre eles fazem com que um seja mais indicado do que outro, dependendo da necessidade de cada indivíduo. “As atividades aeróbicas, como a natação, o vôlei, a caminhada e a corrida, são mais interessantes no sentido de condicionar o sistema cardiorrespiratório, ajudando assim a prevenir e reduzir os riscos de doenças cardiovasculares. Futebol e vôlei, por serem predominantemente anaeróbios, não têm grande melhoria nesse sentido, mas um lado mais recreativo e social, que são muito importantes por associar a atividade física a uma atividade prazerosa.”
O personal trainner alerta que é importante lembrar que a melhoria da atividade física ocorre durante nosso descanso, então é recomendado que se façam exercícios todos os dias. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o American College of Sports Medicine (ACSM) têm recomendações muito parecidas nesse sentido: 30 minutos de atividade moderada, cinco vezes por semana, mais a execução de exercícios com pesos duas vezes por semana, em dias não consecutivos, ou 20 minutos com intensidade alta duas vezes por semana, mais exercícios com pesos duas vezes por semana, em dias não consecutivos.”
Para pessoas com mais de 50 anos, Carlos Eduardo recomenda a musculação. “É uma atividade muito indicada para essa faixa etária, pois ajuda a prevenir a perda óssea e a massa muscular, fatores que começam a se acentuar depois dessa idade. Muita gente considera a musculação uma atividade monótona, mas ela é muito importante na manutenção da autonomia do indivíduo, prevenindo degenerações que ocorrem com o envelhecimento. A população está vivendo cada vez mais, mas é importante que essa longevidade seja com qualidade e autonomia, não queremos ser dependentes e ficar dando trabalho na velhice. Para isso, é importante manter um programa contínuo de atividade física”, aconselha.
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